
Na manhã de 10 de outubro de 2025, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República, anunciou um novo financiamento imobiliário que eleva o teto de imóveis subsidiados de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, com taxa máxima de 12% ao ano. O anúncio aconteceu em Brasília, mas já havia sido antecipado no dia anterior por Jader Barbalho Filho, ministro das Cidades, durante o Incorpora 2025São Paulo. O ministro declarou que a Caixa Econômica Federal pode liberar até 80 mil novos financiamentos até 2026.
Contexto histórico e a necessidade de mudança
O Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) tem financiado a casa própria há mais de seis décadas, mas seu modelo original restringia o valor máximo a R$ 1,5 milhão. Essa limitação excluía grande parte da classe média que, embora possua renda suficiente, não encontrava condições de acesso ao crédito habitacional com juros subsidiados. Segundo dados do IBGE, 38% das famílias com renda entre 3 e 10 salários‑mínimos relataram dificuldade em obter financiamento.
Principais mudanças nas regras
A medida aprovada pelo governo amplia o limite de imóveis elegíveis para até R$ 2,25 milhões e fixa a taxa de juros de 12% ao ano – cerca de 3 pontos percentual abaixo da média de mercado, que gira em torno de 15%.
- Financiamento máximo de 70% do valor do imóvel pelo Sistema de Amortização Constante (SAC);
- Financiamento de até 50% pelo sistema Price;
- Comprometimento máximo de 30% da renda mensal do mutuário;
- Prazos de pagamento de até 420 meses (35 anos);
- Uso do FGTS liberado para quem opta pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação).
Além disso, 80% dos financiamentos habitacionais deverão ser feitos sob as regras do SFH, garantindo que a maior parte dos recursos da poupança seja direcionada a crédito de menor custo.
Impacto esperado para a classe média
Especialistas da FGV estimam que a nova política pode gerar cerca de 1,2 milhão de novos contratos de compra nos próximos quatro anos, movimentando aproximadamente R$ 400 bilhões na cadeia da construção civil. Para a família típica da classe média, isso significa a possibilidade de comprar um apartamento de 180 m² em bairros como Vila Mariana ou Barra da Tijuca, algo antes inalcançável com as taxas anteriores.
"É a primeira vez que vemos o limite de crédito habitacional alinhado ao poder de compra da classe média brasileira", comenta Carlos Silva, economista-chefe do Itaú. "Se a Caixa conseguir entregar as 80 mil unidades previstas, o efeito multiplicador será enorme: mais obras, mais empregos e mais renda para a economia".

Reações de autoridades e do mercado
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guedes, recebeu elogios de sindicatos da construção civil e de representantes de associações de moradores. “Estamos prontos para colocar 80 mil novos contratos em prática ainda neste semestre”, afirma.
Por outro lado, o Banco Central do Brasil, sob a direção de Roberto Campos Neto, ainda não divulgou ajustes na taxa SELIC, que influencia diretamente o rendimento da poupança e, consequentemente, a rentabilidade do SBPE. Analistas alertam que uma eventual alta da taxa básica pode reduzir o benefício real da taxa de 12% ao ano.
Perspectivas e próximos passos
A competição entre instituições financeiras deve se intensificar. Enquanto a Caixa lidera o mercado com a nova regra, bancos privados como Bradesco e Santander já sinalizam produtos concorrentes, ainda que com limites de valor mais baixos.
O Ministério das Cidades indicou que a regulamentação completa será publicada no Diário Oficial até o final de novembro, permitindo que bancos e cooperativas adaptem seus sistemas em até 30 dias. A expectativa é que os primeiros contratos sejam assinados ainda em dezembro de 2025.

O que muda no cenário habitacional brasileiro
Em termos de política pública, a reforma do SBPE representa uma tentativa de modernizar um mecanismo que, nos últimos anos, foi alvo de críticas por sua rígida concessão de crédito. Ao ampliar o teto e reduzir a taxa, o governo pretende equilibrar a necessidade de estímulo à construção civil com a estabilidade financeira.
Se tudo correr como projetado, o país pode alcançar, até 2030, uma taxa de cobertura de financiamento habitacional de 70% – um salto significativo frente aos atuais 55%.
Perguntas Frequentes
Quem pode se beneficiar do novo crédito imobiliário?
Famílias com renda entre 3 e 10 salários‑mínimos, que antes não conseguiam acesso ao SFH por limites de valor, agora podem financiar imóveis de até R$ 2,25 milhões com taxa de 12% ao ano, usando até 30% da renda mensal.
Qual é o papel da Caixa Econômica Federal nessa nova política?
A Caixa será a principal operadora, responsável por aprovar cerca de 80 mil novos financiamentos até 2026, além de repassar os recursos da poupança conforme as novas regras do SBPE.
Como a taxa de juros de 12% se compara ao mercado atual?
A taxa de 12% ao ano está cerca de 3 pontos percentuais abaixo da média de financiamento privado, que varia entre 14,5% e 16% ao ano, tornando‑se uma alternativa mais barata para quem usa o SFH.
Quais são os riscos associados ao aumento da taxa SELIC?
Se a SELIC subir, o rendimento da poupança aumenta, mas isso pode elevar o custo de captação de recursos para o SBPE, reduzindo a atratividade do crédito subsidiado e pressionando os bancos a revisarem suas margens.
Quando começam a vigorar as novas regras?
A regulamentação completa deve ser publicada até o fim de novembro de 2025, com os primeiros contratos previstos para dezembro do mesmo ano.
Anderson Rocha
É impressionante como o governo finalmente reconheceu a necessidade da classe média ao ampliar o teto do crédito habitacional.
outubro 12, 2025 AT 04:03O limite de R$ 2,25 mi acompanha a realidade de muitas famílias que antes ficavam à margem.
Além disso, a taxa de 12% ao ano ainda está abaixo da média do mercado, o que pode acelerar a compra de imóveis.
Se a Caixa conseguir cumprir a meta de 80 mil financiamentos, o efeito multiplicador na construção civil será significativo.
Resta aguardar se a SELIC permanecer estável para que o benefício não seja erodido.