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María Corina Machado ganha Nobel da Paz 2025, gerando controvérsia política

María Corina Machado ganha Nobel da Paz 2025, gerando controvérsia política

Quando María Corina Machado, nascida em em Caracas, recebeu o Nobel da Paz 2025, a comunidade internacional ficou em choque. O anúncio foi feito na manhã de , por volta das 11h (horário da Europa Central), durante a tradicional cerimônia no Oslo, capital da Noruega. O Comitê Nobel Norueguês justificou a escolha "pela luta incansável em defesa da democracia, transparência e direitos humanos na Venezuela".

Contexto político da Venezuela

Desde que Nicolás Maduro assumiu a presidência, o país vive uma grave crise econômica e humanitária. Entre 2013 e 2023, o Produto Interno Bruto encolheu cerca de 80 %, enquanto mais de 7,7 milhões de venezuelanos deixaram o território, segundo a ONU. Nesse cenário, a oposição se fragmentou, mas figuras como Machado mantiveram uma presença vibrante.

Machado começou sua carreira política em 2002, co‑fundando a ONG Sumate, que promovia transparência nas eleições de Caracas. Eleita para a Assembleia Nacional em 2010, recebeu o maior número de votos da turma 2010‑2015, e ficou conhecida por denunciar abuso de poder, prisões arbitrárias e a repressão de protestos contra o regime.

Detalhes da concessão do Nobel

O prêmio, que inclui 11 milhões de coroas norueguesas (cerca de US$ 1,05 milhão), foi entregue durante a cerimônia de entrega do Nobel da Paz 2025Oslo. Machado ainda não tinha comparecido ao evento, mas prometeu receber o galardão em dezembro, em meio a fortes restrições de viagem impostas pelo governo de Maduro.

Logo após a divulgação, o historiador de Yale Greg Grandin qualificou a decisão como "perplexa" e acusou o Nobel de estar alinhado ao "imperialismo dos EUA". Em entrevista ao Democracy Now, Grandin descreveu Machado como "o oposto da paz" por apoiar sanções americanas e defender a privatização da estatal PDVLA (Petróleos de Venezuela, S.A.).

Reações nacionais e internacionais

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou "respeito à decisão do comitê, lembrando a importância da luta por democracia na América Latina". Já na Venezuela, o governo de Maduro descreveu o prêmio como "interferência externa" e acusou o Nobel de "politizar um símbolo de paz".

  • Estados Unidos: o ex‑presidente Donald Trump apoiou publicamente a escolha, alegando que Machado representa "a voz da liberdade".
  • União Europeia: vários deputados europeus pediram que a Noruega reforçasse o diálogo com Caracas para garantir que o prêmio não seja usado como ferramenta de pressão.
  • Organização dos Estados Americanos (OEA): reiterou a necessidade de respeito aos direitos humanos, mas evitou comentar diretamente sobre o Nobel.

Especialistas regionais ressaltam que a decisão pode intensificar a polarização interna venezuelana. O analista político Juan Pablo Pérez (Centro de Estudos Latino‑Americanos) alerta que "a nomeação pode reforçar a narrativa de que a oposição está sob influência estrangeira, dificultando ainda mais a construção de um consenso nacional".

Impactos e análises de especialistas

Do ponto de vista econômico, a perseguição de Machado ao setor petrolífero — ela defende a privatização da PDVLA, que produziu aproximadamente 740 mil barris por dia em 2024 — pode atrair investimento estrangeiro, porém também gerar resistência de setores nacionalistas. Segundo o International Energy Agency, a perda de receitas de petróleo estimada em US$ 213,7 milhões até 2024 já compromete o orçamento estatal.

Socialmente, a concessão do Nobel pode elevar a moral dos milhares de venezuelanos que ainda protestam nas ruas. Uma pesquisa da Universidad Central de Venezuela, divulgada em setembro de 2025, mostrou que 62 % dos entrevistados vêem Machado como "símbolo de esperança" apesar das sanções. Por outro lado, grupos pró‑governo aumentaram a retórica contra o que chamam de "agentes estrangeiros".

Em termos de direito internacional, alguns juristas argumentam que a expulsão de Machado da Assembleia Nacional em 2014 violou o princípio do devido processo, conforme estabelece a Convenção Americana sobre Direitos Humanos. A defensora dos direitos humanos María Eugenia Chacón já encaminhou um recurso à Corte Interamericana.

Próximos passos e implicações

Machado deverá comparecer à cerimônia de entrega em , apesar das restrições de viagem. Se conseguir, sua presença poderá servir de plataforma para denunciar as violações de direitos humanos ainda em curso. O governo de Maduro, por sua vez, promete "não ceder a pressões externas" e tem sinalizado a possibilidade de acelerar processos judiciais contra líderes opositores.

Analistas de política externa avisam que a tensão entre Caracas e Washington pode escalar, especialmente se os EUA reforçarem as sanções. Ao mesmo tempo, a União Europeia acompanha de perto a situação, avaliando a possibilidade de mediar um acordo de transição que inclua a participação de setores da sociedade civil, como o Vente Venezuela.

Perguntas Frequentes

Como a premiação afeta a oposição venezuelana?

O Nobel confere maior visibilidade internacional à causa opposta ao regime de Maduro, podendo atrair apoio diplomático e financeiro. Contudo, também alimenta a narrativa oficial de que a oposição seria manipulada por potências estrangeiras, o que pode gerar repressão adicional.

Qual foi a reação oficial de Nicolás Maduro ao anúncio?

Maduro denunciou a escolha como "interferência" e afirmou que o Comitê Nobel está tentando desestabilizar a Venezuela. Seu porta‑voz declarou que o governo continuará defendendo a soberania nacional.

Por que Greg Grandin considerou a escolha "o oposto da paz"?

Grandin argumenta que Machado apoia sanções americanas e a privatização da indústria petrolífera, medidas que ele vê como instrumentais para intervenções militares e econômicas dos EUA na região, contrariando o espírito pacifista associado ao prêmio.

Qual o impacto econômico da proposta de privatização da PDVLA?

A privatização poderia atrair investimento estrangeiro e modernizar a produção, mas também corre o risco de perder controle sobre um recurso estratégico. Estimativas da EIA apontam que a perda de receitas devido às sanções já ultrapassou US$ 213,7 milhões até 2024.

Quando e onde ocorrerá a cerimônia de entrega do Nobel?

A cerimônia oficial está marcada para , no Oslo City Hall, em Oslo, Noruega, onde o laureado recebe a medalha e o diploma perante a plateia internacional.

Comentários (1)

  • Thabata Cavalcante

    Thabata Cavalcante

    Olha, ganhar o Nobel da Paz não tem nada a ver com "salvar" a Venezuela, parece mais um troféu político pra quem já tem opiniões formadas. O prêmio acaba virando mais um ponto de discórdia do que um instrumento de paz. E ainda tem todo esse papo de sanções que pode piorar a situação dos venezuelanos. Em vez de troféus, que tal soluções reais?

    outubro 10, 2025 AT 22:33

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