
Erro no desligamento de motores levou à tragédia do voo da Jeju Air
Nenhuma história de avião caiu tão fundo no imaginário sul-coreano quanto a do voo da Jeju Air, em dezembro de 2023. O acidente, que tirou a vida de 179 das 181 pessoas a bordo, voltou à tona agora com a divulgação do relatório preliminar, apresentado aos familiares em julho de 2025. Segundo os investigadores, os pilotos cometeram um erro fatal ao desligar o motor que continuava funcionando adequadamente, após um ataque de aves durante a aproximação do avião ao Aeroporto Internacional de Muan.
A situação fica ainda mais chocante com os detalhes técnicos revelados. Na noite do acidente, um bando de patos Baikal Teal atingiu o Boeing 737-800. A análise das caixas-pretas mostrou que a tripulação se concentrou no motor direito (motor 2) — que realmente teve danos graves —, mas num momento crítico, acabou desligando o esquerdo (motor 1), que estava operacional. Do ponto de vista técnico, desligar o motor saudável expôs o avião ao risco total. Exames feitos posteriormente na França apontaram que o motor esquerdo não tinha defeitos.

Famílias e sindicatos exigem explicações detalhadas
Para quem perdeu alguém no acidente, o clima ficou pesado após a apresentação do relatório. Os familiares, longe de aceitar o argumento de erro humano como causa primária, criticaram a forma como as informações foram divulgadas: sem documentos comprobatórios ou dados específicos. Uma representante dos familiares disparou: 'Eles nos deram declarações, não documentos.' O pedido é claro: querem transparência total e provas concretas sobre o funcionamento dos motores.
Pilotos veteranos que acompanharam o caso também levantam dúvidas. Segundo eles, o foco exclusivo no equívoco dos comandantes ignora fatores que podem ter influenciado a catástrofe — como o projeto da pista e possíveis falhas em sistemas automáticos do avião. Aliás, esse tipo de discussão não é raro quando um desastre desse porte acontece. A pressão foi tanta que as autoridades cancelaram uma entrevista coletiva que estava prevista, e as famílias ameaçam acionar a Justiça.
Até agora, o episódio representa o acidente aéreo mais mortal já registrado na Coreia do Sul. Apenas dois ocupantes sobreviveram à queda e à colisão com o barranco de concreto, o que aumentou o clamor por revisão nos protocolos de treinamento de pilotos e melhorias em infraestrutura aeroportuária.
O mistério e as divergências em torno do acidente seguem alimentando o debate público, enquanto tanto familiares quanto especialistas continuam em busca de respostas completas — e justiça para as vítimas.
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